LISBOA: O ÍCONE - A LUZ DA ALMA Exposição Itinerante de Ícones Ortodoxos Romenos

ICR Lisboa inaugura a Exposição de ícones ortodoxos romenos O ÍCONE- A LUZ DA ALMA, do pintor Călin Vădan no dia 2 de Setembro de 2010, às 19h00 no Museu Nacional de Arqueologia. A exposição será acompanhada por ateliers de criação realizados pelo artista e estará patente nos seguintes períodos e locais: 2-26 de Setembro no Museu Nacional de Arqueologia, 28 de Setembro-30 de Outubro na Sé Patriarcal de Lisboa e 3-15 de Dezembro de 2010 na sede do Instituto Cultural Romeno. É o terceiro ano consecutivo em que ICRL promove, em Lisboa, o projecto das Exposições itinerantes de ícones ortodoxos romenos e ateliers de criação.




O ÍCONE – A Luz da Alma

Presença silenciosa e luminosa, o ícone confere à alma uma sensibilidade particular. Tal como as flores abrem com o brilhar do sol, do mesmo modo a luz do ícone enche a alma de alegria.

Herdando de Deus o sentido da eternidade, a alma tem a consciência da necessidade de se desprender das coisas mundanas e nesse sentido terá sempre o desejo de aperfeiçoamento, de plenitude, de ultrapassar as fronteiras do tempo e da assolação.

Nessa perspectiva, o ícone chama-nos a uma perpétua ascensão, sendo, pelo testemunho que traz, um convite para o mundo do Além, para o Céu.

No anseio da alma de comungar com Deus, florescem nos nossos lábios orações que invocam a ajuda da Nossa Senhora, dos Santos, de todas as Potências Angélicas. Aquele que dignifica o ícone, dignifica a pessoa de quem nele está representado e a alma precisa disso para tornar mais profunda a piedade e para que a sua sensibilidade dê frutos na oração.

A aspiração de tornar perceptível o invisível, ganha corpo na Igreja, pela arte litúrgica (pelo cântico e pela cor), pelo pensamento teológico e pela vida espiritual. Encarada com os olhos da alma, a Igreja é a conciliação entre o Céu e a Terra, a conjugação do celeste com o mundano, graças à presença do Cristo. A via para alcançar os ensinamentos de Cristo consiste no cumprimento dos mandamentos e na dignificação dos sacramentos da Igreja.

Há alguns paradoxos que ultrapassam o nosso poder de entendimento, mas dentro da Igreja são assumidos enquanto vivências. Ao rezar a sós perante os ícones, tornamos os santos rezadores connosco, cumprindo-se assim a promessa de Cristo “Porque aonde dois ou três estiverem congregados em meu nome, ali estou eu no meio deles.”
O Próprio Senhor deu-nos o testemunho do poder da oração perante os ícones. Doente de lepra, o Rei Abgar da Edessa manda um servo seu, para chamar Cristo curá-lo. Na Sua grande misericórdia, O Senhor imprime numa toalha o Seu magnífico Rosto e envia-o para o rei curar.
Ícone por excelência, O Santo Véu é a primeira Imagem, oferecida directamente pelo Protótipo e que vai legitimar todos as outras: a da Theotokos (Mãe de Jesus), a dos Santos Apóstolos e de todos os Santos do calendário cristão. Essa é a altura do nascimento do ícone.

O ícone define-se, em primeiro lugar, enquanto discurso teológico através das imagens, reflectindo numa linguagem pictural, fortemente estruturada, a crença cristã desde as suas origens. Esse entendimento verdadeiro alicerça-se nas Escrituras (O Antigo e Novo Testamento), a Tradição Apostólica e os ensinamentos dos Santos Padres da Igreja.

O ícone constitui tanto a nossa entrada na Igreja, como na vida, pois na sua luz vemos na pessoa ao nosso lado, um “filho da Ressurreição”. O ícone revela aquilo para que o homem é chamado potencialmente a tornar-se: de imagem para à semelhança com Deus. No ícone, o corpo humano é livrado das leis materiais, temporais e espaciais. Reduzida assim às suas propriedades originais, a imagem humana é eterna e à semelhança de Deus, Quem lhe serviu de modelo.

O ícone dá-nos o ensejo de erguer o nosso olhar para o Reino, bem como de nos deixarmos olhados por ele.

                                                                                                                                                                                                        Călin Horia Vădan

 

source: ICR Lisboa